Sou natural do Rio de Janeiro, nascido e criado lá, “carioca da gema”. Também sou nascido e criado no Evangelho. Meu pai também foi criado na igreja, literalmente. Quando ele nasceu, meus avós eram caseiros de uma congregação, então, literalmente, Ele foi criado na igreja. Quando meus avós deixaram de ser caseiros da igreja, mesmo assim, a gente nunca deixou de congregar em um culto. Meu pai era líder do Ministério de Música da igreja e tocava todos os instrumentos. A minha mãe cantava. Nasci nesse ambiente, então com quatro anos de idade eu comecei a tocar também. Comecei no pandeiro e depois bateria, sempre envolvido com as coisas da igreja.

Éramos de uma denominação bastante tradicional e isso nos deu uma boa base de ensino na Palavra. Mas, quando nós chegamos ao Verbo da Vida, em 2009, foi como se descobríssemos que na verdade não conhecíamos nada (risos). Eu tinha 16 anos e fui o primeiro a decidir sair da nossa antiga igreja. Quando eu entrei no Verbo, pude entender que Deus é um Deus individual e passei a ter um relacionamento com Ele. Congregamos na igreja de Pedra de Guaratiba, no Rio. O pastor Edmilson e Aurinha têm sido como pais para nós, desde o início. Como eu disse, éramos de uma doutrina muito tradicional e, quando eu cheguei no Verbo da Vida, eu lembro que no discipulado foram nos explicar sobre o batismo no Espírito Santo. A professora perguntou se poderia orar por mim para que eu recebesse esse batismo e eu respondi que não, de tanto que eu ainda não cria.  Pouco a pouco eu fui ensinado, instruído na Palavra, até que eu fui cursar o Rhema e as escamas foram retiradas dos olhos. Assim eu pude avançar.

Meu pai se tornou pastor licenciado pelo Ministério Verbo da Vida e servia no departamento de Crianças. Em 2015, nós tivemos uma direção de Deus para ajudar numa obra lá em Araruama, também no Rio de Janeiro. Quando chegou em outubro, desse mesmo ano, meu pai faleceu e foi um momento bem complexo, mas a gente soube vencer.

Eu já posso adiantar que estou escrevendo um livro sobre isso, o luto não é eterno, ele é real, é necessário e importante, mas ele não é eterno. A partir do momento em que nós entendemos que Deus nos deu domínio sobre a terra e sobre as nossas emoções, sabemos que nós quem vamos dar limite à esfera de atuação do luto. Nós podemos decidir o tempo que o luto vai durar. Se cremos no Salmo 23, então cremos que o Senhor é nosso pastor e nada vai nos faltar. Não me falta um pai. A saudade com certeza fica, mas a falta foi suprida por Cristo Jesus.

Deus é o “Eu Sou” e isso significa que Ele é tudo o que você precisa. Se eu preciso de um pai, Ele é um pai; se eu estou precisando de uma mãe, Ele é uma mãe. Ele é o que nós precisamos. Além disso, quando entendemos sobre a vida eterna, nós entendemos que, na verdade, nós não morremos, somos apenas separados, porque em breve Jesus estará voltando, assim, logo vamos nos encontrar com nossos entes queridos. Isso nos dá um conforto. A morte não é o fim, nós temos a vida eterna. Quando meu pai estava próximo a falecer, eu cri com fé para a sua cura. Quando ele faleceu, eu quis me revoltar com Deus, mas o Senhor me ensinou que fé é individual . Ele me disse: “Aquilo que tratei com seu pai, Eu tratei com seu pai. Fé nenhuma do mundo pode mudar isso”. N’Ele, eu não tenho faltas.

Ainda sobre a minha família, minha mãe, Simone Guedes, foi muito forte para nos dar uma estrutura no tempo em que meu pai faleceu. Minha mãe é a base e permaneceu firme por nós. Hoje, ela já casou novamente e está muito feliz. Beatriz Guedes é a minha irmã do meio e o meu irmão mais novo, Carlos Alexandre, está com 14 anos.  Entendo que neste tempo estou como uma referência de homem e de um pai para ele, ensinando os caminhos em que ele deve andar. Meu irmão já está tocando teclado, violão e gosta de bateria. Na igreja, ele me tem como referência e está sempre junto a mim. Sempre busco tempo para jogar bola e conversar com ele. Minha irmã também é bastante envolvida na igreja e está no Ministério de Música e no departamento de Jovens.

Estamos todos morando com nossos avós por parte de pai. Eles estão nos dando bastante suporte. Passo bastante tempo com eles e estou comendo “comida da vovó” e ouvindo diversas histórias antigas. É muito bom estar perto deles. Ficamos vendo filmes e séries juntos. Acho que viciei eles em séries (risos).

Na minha adolescência eu fiz um curso técnico em Eletromecânica. Sempre gostei disso e pensei que eu iria seguir essa área, então comecei a cursar a faculdade de Engenharia Mecânica. Só que na Engenharia era interessante porque, se as pessoas iriam fazer apresentação no Word, eu fazia um “filme” para apresentar. Até que chegou um professor meu, de Engenharia, para me perguntar se eu estava na carreira certa ou se haveria algum outro curso com o qual eu me identificasse mais. Meus amigos também já comentavam sobre isso. Assim, até o próprio Deus começou a tratar comigo e eu parei a faculdade de Engenharia no primeiro semestre para começar a cursar Publicidade e Propaganda, na qual eu sou formado hoje. Trabalho criando sites, campanhas… Eu tenho uma agência que é a #Comunicação. Deus é muito criativo e incomum, é isso que me chama atenção, pensar fora da caixinha. Em ministrações, eu também sempre procuro trazer algo criativo para ilustrar a mensagem que vou ministrar e, assim, marcar as pessoas. Com o Senhor, eu entendi sobre qual era o meu propósito. O Senhor falou comigo uma vez que eu sou como um marcador de texto. Ele me explicou que, através de palavras, eu marcaria a vida de pessoas. Eu vejo que Deus tem usado a Publicidade como uma ferramenta para isso. Através do Rhema no Sistema Prisional, onde tenho servido, tem sido assim, pois aquela é uma visão que tem marcado vidas e gerado transformação. No que eu posso ajudar no Rhema Prisional na área de Publicidade, eu tenho contribuído.

Eu entrei no Rhema no Sistema Prisional como segundo secretário, me tornei vice-diretor e em seguida diretor. Para chegar ao Rhema, tudo começou lá no “Invictus”, o departamento de Jovens da minha igreja local. Nós temos o “Invictus Oração” e a líder dessa equipe pediu para orarmos por alguns motivos específicos. Fiquei responsável pelo Rhema. Na época, o Rhema estava começando no presídio de Bangu. Eu estava um dia orando por isso, em meu quarto, e o Senhor me disse para colocar o coração nisso. Então, eu comecei a pensar como seria, pois me relacionava muito com a Publicidade, mas não com coisas parecidas com o Rhema nesse sistema. Hoje, vejo que estou no melhor lugar, no centro da vontade de Deus. Lá, eu vejo o Evangelho puro e simples. As pessoas que estão lá, não estão somente da boca pra fora, estão lá de verdade.

O nosso horário de aulas é de 9h ao meio-dia, de segunda à sexta. Temos 30 alunos. Para que eles consigam estar na aula do Rhema no horário certo, deixam de tomar café da manhã. Ficam até uma hora da tarde sem comer, somente para não perder o Rhema.  Por isso que eu digo que lá nós vemos o Evangelho de verdade. A gente chega a se perguntar se era cristão de verdade antes de conhecer a realidade de lá. Lembro-me de um aluno que tinha que fazer um resumo de parte da apostila, que a professora pediu, e no dia de entrega ele não me entregou. Eu perguntei por que, então ele me explicou que estava terminando resumo da apostila com todas as matérias. Quase todos os alunos lá já leram a Bíblia inteira. Tem um deles que já leu em oito versões. Eu vivo de fato o avivamento quando estou lá com eles. Uma aula de consagração com os alunos do Rhema no Sistema Prisional é um avivamento. Acho que o maior pagamento é você ver a transformação, o olhar e o testemunho de cada pessoa. Essa Palavra é a única arma que pode transformar uma vida, ressocializar.

Nós estamos com uma campanha para angariar fundos para manter o Rhema em Bangu e expandi-lo. Quem quiser contribuir, basta entrar em contato com a nossa ONG Verbo Amar no Instagram @verboamar. Lá tem os dados de uma conta bancária para depósito de qualquer valor para quem quiser dar suporte a essa visão e apadrinhar um aluno.

Temos um relacionamento muito bom com o diretor do presídio. É uma parceria mesmo. Nós os  ajudamos e mostramos a excelência da visão que a gente carrega. Ainda oferecemos a redução de pena para os alunos, que é algo a mais.

No lugar onde o diabo mais pôde se propagar, tem chegado avivamento. A gente vê uma liberdade, sem falsidade, sem religiosidade. Há uma entrega total. A gente vê pessoas que antes eram más, com um coração quebrantado e vemos essa transformação no olhar e em cada atitude delas. Nós não levamos a Palavra para presos, mas para filhos de Deus que estavam perdidos. Aquelas pessoas erraram, mas todos nós erramos e cometemos alta traição contra o Senhor.  A maioria daquelas pessoas erraram porque não tinham a Palavra. Lá em Bangu são 35 mil vidas. A visão que nosso pastor nos passou é a de alcançar as 28 unidades dentro de Bangu, que é o maior complexo penitenciário da América Latina. Estamos em duas unidades, mas a nossa visão é alcançar todas, e nós vamos! Já tem outros presídios que estão pedindo que o Rhema vá para lá. Estamos, cada vez mais, estruturando o fundamento, a base, para iniciar mais unidades no momento certo, e não fazer de qualquer jeito. Temos orado para que Deus envie mais trabalhadores com disponibilidade nos horários do Rhema e também orando por direções.

Tenho várias história vividas no Rhema no Sisema Prisional. Um vez, eu e o professor Bruno Guimarães estávamos saindo do presídio e nós pedimos para o agente nos liberar para a saída – nesse presídio são nove portas que nos mantém lá dentro. O agente perguntou quem éramos, nós explicamos que éramos do Rhema, mas ele insistiu que não iria nos liberar. Então não deixou a gente sair do presídio. O engraçado foi a nossa reação naquele dia. Nós começamos a dizer um para o outro sorrindo: “Estamos presos em nome do Evangelho”. Coisas como esta só o Rhema no Sistema Prisional proporciona (risos). Temos várias experiências inusitadas lá.

Eu estou noivo de Savana Ferreira. Ela ter chegado foi muito importante para mim, pois eu não queria me relacionar, estava bem fechado para isso na época em que eu a conheci. Lembro-me que o pastor Edimilson, num café, durante a Conferência de Ministros Sudeste de 2017, estava compartilhando que estava sentindo falta da Aurinha, já que ela não tinha ido ao evento naquele ano. Então eu comecei a meditar sobre isso e o quanto alguém poderia sentir falta dos cuidados de outra pessoa. O Senhor começou a tratar comigo acerca disso. Um dia, Savana estava no discipulado e eu estava como professor. Então, como gosto de dar exemplos nas minhas ministrações, eu perguntei quem ali gostava de banana. Citaram o nome dela e ela foi à frente, ela é nutricionista. Depois daí, a gente começou a se conversar e eu vi coisas nela pelas quais eu orava. Tudo o que eu pedia ao Senhor. Nela eu vejo o encaixe perfeito do Senhor, em todas as coisas. Tê-la me auxiliando no prisional e o sobrenatural que temos visto se mover para o nosso casamento, que está marcado para este ano de 2020… é maravilhoso viver pela fé, e ver o Senhor se movendo em cada área de nossas vidas.

Vejo em mim algo que me impulsiona a não querer ficar parado. A gente precisa pregar o Evangelho e anunciá-lo. O avivamento não pode ficar somente para nós. O Evangelho é algo muito grande e precioso. Vejo dentro de mim uma chama para pregar, seja onde for e para quem for. Então, se eu fosse me definir, seria isso, como um ‘marca texto’ que quer marcar a vida de pessoas e quer, de alguma forma, contribuir para o propósito do Senhor.

Eu gosto muito da natureza. Se tiver estressado com alguma coisa, vou para ela. Às vezes, saio do trabalho e falo logo: “Vamos para praia, vamos fazer uma trilha, vamos contemplar a natureza”. Quando você vê a criação do Senhor e respira fundo, ver que Deus é muito maior e é o Criador do universo. A gente não tem com o que se preocupar, pois Ele é maior.

Como disse antes, lá em casa, eu e meus irmãos somos músicos. Eu toco bateria e isso também é algo que, no tempo livre, se eu começar a tocar, pronto, acabou, é muito bom. 

Faço parte do Ministério de Música do Verbo da Vida em Pedra, que é liderado por Simone Cavalcante. Lá eu pude aprender sobre o fluir do Espírito e a unção que existe através de tocar a bateria. Pude entender que o Espírito Santo quer se mover de diversas maneiras. Às vezes com algo mais intenso, algo pesado, mas tem dias em que Ele quer se mover de maneira suave.  Deus é muito criativo e não podemos seguir um padrão. É por inspiração, é aprender a fluir no Espírito Santo. No ensino também é assim, no Rhema no Sistema Prisional a gente vive isso. O ensino não é somente aquilo que você anotou no papel, mas o fluir no Espírito e Sua inspiração. Ter uma vida inspirada pelo Espírito é o mais importante e isso eu quero muito para mim: viver pelo Espírito marcando pessoas.  

Deus para mim é tudo. Sou muito convicto e estou disposto a morrer pelas minhas convicções, eu sempre digo isso.  Em Deus, não tenho nenhuma falta, pois Ele é o que eu preciso e é tudo, a essência. Eu vivo em prol d’Ele.

Quanto ao futuro, eu vejo, pela fé, ministros saindo da turma que estamos formando no Rhema no Sistema Prisional como professores e pastores. Daqui a uns anos, me vejo levando a Palavra de uma maneira ainda mais abrangente e com ainda mais intensidade. Me imagino também casado com Savana e já com filhos. A gente pensa em tem dois (risos). Eu quero deixar para os meus filhos uma referência de Jesus, assim como o meu pai deixou para mim e meus irmãos.